sábado, 14 de dezembro de 2019




Em primeiro lugar tive que vencer alguns desafios. Elaborei e coordenei a execução de muitos encontros, mas o encontro de irmãos me desafiou primeiro como motivar os irmãos a participar de um encontro.  Não bastava criar metas e objetivos.
Ouvir e procurar responder a cada pergunta. Descobri que era preciso valorizar cada palavra, analisar cada sugestão.
Um encontro para estar juntos como irmãos.
Do pensar, agir e executar foi um longo caminho, é muito mais difícil realizar um encontro entre irmãos do que entre outras pessoas, mas valeu, descobrir que não conheciam meu irmão minha, irmã.
Somos estranhos, temos muita coisa que nos identifica como irmãos, mas também existe uma distância muito grande entre nós e isto constitui uma riqueza quando bem articulada
Somos todos apaixonados pela vida e pelo prazer de celebrar a vida e com um profundo respeito pelo sagrado que a vida, a história os acontecimentos. Mas que não conhecemos a história doutro, aqui o outro é o meu irmão, a minha irmã.
Na construção de elaboração dos passos necessários à realização do encontro, uma das preocupações era a de não forçar o irmão dizer o que não queria dizer, mas também de não fazer uma interpretação da fala, dos gestos ou pensamento do irmão, mas de acolher tudo como um presente.
Somos irmãos, mas a compreensão do ser, do agir, do mundo em que vivemos e do que fazemos e próprio de cada um, foi fácil de perceber os limites, a abertura para o acolhimento do outro com seu saber, com seu jeito de ser.
O direto que cada um tem de ver o que está perto de sim e de outro, isto foi construído. Cada pessoa carrega dentro de si o mistério da vida, a dinâmica do revelar e do velar, o instinto de sobrevivência e de autodefesa.
A aproximação do meu irão tem limites e é preciso que estes limites sejam respeitados, admirados e valorizados.
O que não quer dizer que eu não aceito ajuda do meu irmão, que eu me nego a ajuda-lo.
Descobri e foi de certo modo uma surpresa, meu irmão é um estranho, percorreu estradas e caminhos, forjando espaços alargando seus horizontes.
Escutando, vendo meu irmão, minha irmã, tratando as coisas com tamanha maestria, me vinha na memória o cenário dos tempos em que éramos pequenos e morávamos na mesma casa.
Descobri o sentido de uma frase cunhada no Evangelho: nos conhecemos os seus pais, seus irmãos, de onde lhe vem tamanha sabedoria?”
Meu irmão, minha irmã não é o que eu penso dele, dela, é uma outra pessoa, uma pessoa que mesmo sem querer não responde nem para sim nem para os outros “Quem sou eu”?
Meu irmão, seu silencio me incomoda, assim como me incomoda o que você faz ou deixa de fazer.
Não somos visionários, mas cada um fala sobre o pai e mãe,  nos pais de maneira diferente, com um traço, uma lembrança própria se eles, e eu creio, nos deixaram coisas comuns, nós tivemos a liberdade de também guardar muitas particularidades, também aqui aprendi a respeitar o que cada um fala e pensam do Pai e da mãe,
Nosso encontro me fez colocar uma pergunta para mim mesmo. Não tenho dúvida que meu Pai é o Pai do meu irmão, que minha mãe é a mãe do meu irmão, até por que todos nós nascemos em casa. Mas porque temos visões diferente de nosso Pai e de nossa mãe? Seria o tempo de convivência com eles.
Eu pessoalmente tenho pouca lembrança de meu pai de quando eu era criança, assim como o de minha mãe.
Não posso negar que como todos nós estamos em processo de perda e aquisição de valores, também eles estavam, e meus irmãos mais novos relacionaram com eles dentro deste processo, então muitas coisas se processaram com outros valores.
Quando eu nasci, lá na roça não tinha luz elétrica, nem banheiro dentro de casa, conheci o rádio quando já tinha uns doze anos, meus irmãos mais novos já nasceram com luz elétricas.
Quando eu era pequeno meu pai, cuidadosamente supervisionava o que eu estava vendo nas revistas, passados alguns anos sentava com meus irmãos para ver televisão e via o que estava passando.
E com isso modificando a compreensão de seus valores recebido por tradição e adquirindo novos valores.
A vida é dinâmica e dinâmica é a história.
A resposta à pergunta quem sou eu, está de certo modo condicionado ao grupo social em que vive a pessoa interrogada, assim também podemos compreender um pouco mais, por temos visão de si, da sociedade e do universo.
Somos ser pensante, aprendemos a pensar e agir a partir da compreensão do próprio pensar, aqui também somos influenciados pelo que lemos estudamos e convivência social.
O encontro de irmãos serviu para tomarmos conscienciosa nossas atividades diversificada, também neste requisito o tempo e a história contribuíram para uma mudança radical até os 8, 10 anos, os mais velhos viviam na roça sobre o domínio de nossos pais, na família  ali se ditava as verdades a serem seguidas, ao sair do ambiente rural e iniciar a navegação pelo mundo da cidade e da escola, novos horizonte vão se alargando, bem como espaço de transformação, mesmo conservando a consciência de pertença familiar, desenvolve também o processo de distanciamento e desconhecimento um dos outros.
Cultivando alegria e a consciência de ser irmãos, de pertença a uma família que plantou em cada um de nós o dom de amar, a capacidade curtir a utopia de um mundo novo é possível.
Aprendi que caminhando por caminhos diferentes, alimentamos um sonho, sonho de ser para o outro estimulo o senso de pertença. Somos irmãos.
Aprendi que sonhos foram sendo transformados em realidades, conseguimos o que não sonhamos. Sonhos não realizados, não fazem falta para o que sou o que sou. Aprendi que até em encontro de irmãos é necessário estar aberto para o diálogo, que é preciso saber perder e saber lidar om o que se ganha. Meu irmão tem muito a me ensinar, basta abertura para escuta-lo e para aprender.