DESPERTAR PARA VIVER UM
NOVO DIA
Pe. José de Oliveira da Silva
Dela
viemos e a ela voltaremos
Entramos neste
mundo com a vocação e missão de conhecer e amar o chão que pisamos e o berço do
qual aparecemos e um dia retornaremos no silencio da noite.
Ao despertar de
um novo dia recebemos a ordem de “Cultivar e guardar a Criação” Gn 2,15. Que o
Espírito nos desperte e nos conduza pelos caminhos da vida e nos dê a
necessária energia para que respondamos a tão grande confiança.
A Quaresma faz
parte do Ano Litúrgico, assim como o Tempo do Advento é tempo de preparação
para a Celebração do Natal do Senhor, a Quaresma é tempo de preparação para a
celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor Jesus. Na celebração do Tríduo
Pascal, ponto central da fé cristã, razão de tanto empenho e apelo a nossa
conversão.
É um tempo que
se cauteriza pelo convite a conversão, a oração, o Jejum e a esmola
(solidariedade: coleta de domingo de Ramos/Quinta feira Santa. Coleta para
terra Santa). Para melhor viver este espírito quaresmal, a Igreja assumiu como
tema para campanha da Fraternidade: BIOMAS BRASILEIROS E DEFESA DA VIDA,
Cultivar e guardar a Criação, (Gn 2,15).
A criação não é
nossa, é de Deus. Nós somos convidados a
cuidar, guardar, o que nos convence da importância do tema da campanha da
fraternidade. Para nós não basta saber o nome dos seis Biomas Brasileiros, é
preciso identificar as vidas presentes ai em cada um deles e identificando
avançar em organizações que respeite e promova a obra do Criador.
Acolhendo a Palavra
de Deus que nos chama à vocação ao cuidado com a vida, nos pede também
conversão, olhando para a história aparece que o convite à conversão aparece
depois da ordem de guardar e cuidar da Criação. Temos, pois que rezar e pedir
perdão pela as agressões ao meio ambiente e as vidas ai presente em cada Bioma,
mas sobre tudo precisamos pedir as luzes do Espírito Santo para que possamos
progredir no zelo pela casa comum, conforme nos pede o Papa Francisco.
É o Espírito de
Cristo presente na Igreja que nos desafia a reconhecer as vidas e as culturas
presentes nos Biomas brasileiros, bem como o apelo do Papa Francisco para que
cuidemos com maior carinho da casa comum.
Sem o
reconhecimento e respeito pelas vidas e expressões culturais e religiosas é
impossível cuidar e zelar da casa comum.
Olhando a
realidade de nossa história alguns pode até sentirem-se decepcionados, mas é
preciso lembrar que em toda história, Deus sempre se lembra de seu povo e para
testemunhar com maior profundidade o seu amor por nós, entregou não só a
criação em nossas frágeis mãos, mas também seu próprio Filho Jesus Cristo Nosso
Senhor.
Em Cristo toda
criação ganha novo sentido e a própria historia se torna lugar da revelação do
amor de Deus por nos.
O encontro com
Cristo Ressuscitado impulsiona a pessoa a avançar por aguas mais profundas em
busca de parcerias para melhor conhecimento e identificação dos Biomas e das
vidas ai presentes. Conhecendo com mais profundidade o chão onde pisamos e
dispondo de coragem para alargar os horizontes, certamente teremos e
aproveitaremos as possibilidades de tornar nossa sociedade mais humana e
respeitadora da vida.
O cuidado com a
casa comum exige de um lado a capacidade de dialogar e de caminhar com o
diferente e do outro a necessidade de embarcar nas aventuras de novas experiências
sem perder o foco de nossa vocação comum que é a de cuidar e guardar a criação,
pois da qual somos parte.
Uma
espiritualidade fundada e alimentada na espiritualidade do discipulado de Jesus
nos abre para aproximação de outras espiritualidades, e nos permite acolher com
respeito outras formas de orar, pois cultura e história também são obras do
Criador.
Sabemos e cremos
que a fé é dom de Deus, um dom destinado a crescer e o crescimento deste dom em
nós, implica na abertura para acolher os ensinamentos, proposta e convite que
Deus nos faz por diferentes meios e veículos de comunicação presente na
Natureza, na historia nas culturas e agrupamentos sociais e de modo especial no
grito e silêncios dos pobres e marginalizados, (Mt 25, 31-40).
Cuidar desta
porção da obra do criador envolve e custa a vida, enquanto cristãos somos
chamados a cuidar com carinho desta porção da criação, utilizando e guardando a
criação, pois nela encontramos os bens necessários a nossa estadia neste chão
que tocamos com nossos pés, apalpando com nossas mãos. Como é agradável capitar
com uma simples máquina fotográfica as nuvens, num voou, olhar de lá de cima
nossos rios, nossas florestas, nossas planícies e montanhas.
Entristece-nos,
ver lá do alto tanta degradação da Natureza e até de pessoas humanas, pessoas
exploradas, pessoas que morrem nas filas de hospitais sem atendimento dignos de
pessoa humana, pessoas que desgastam suas vidas nos ônibus em busca do pão de
cada dia. “Cultivar e guardar a criação”.
Nossa fé nossa
esperança nos pede maior engajamento na busca de harmonização do ser e
confiança no amor do Pai. Tudo isso exige envolvimento em promoção de
atividades que promova ações fraternas com a vida e outras culturas, a luz do
Evangelho. “O Criador nos ama de tal modo que nos agraciou com o dom cultivar e
guardara criação”. Só um Deus Pai amoroso pode confiar seus bem nas mãos
daquele que Ele mesmo criou para o louvor e glória de seu Nome.
Sonhamos com
aquele dia em que cada pessoa ao despertar diante um novo amanhecer, tome
consciência que é parte integrante da Natureza e que até o momento vive e se
alimenta d’água, do ar, do fogo e da terá e que tudo lhe foi dado de presente,
mas que tudo pertence ao criador. Por isso é também nosso dever cultivar e
guardar a esperança em que naquele novo dia o sol brilhara para todos.
Que o Espírito
de Caridade, fraternidade, amor e perseverança, experimentado e vivido pelo
Mestre seja mais uma vez derramados sobre nós para que sejamos portadores de
relações fraternas e solidaria em defesa das vidas presentes nos Biomas
brasileiros.
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